
Bora falar de Virada Cultural?
Para comemorar os 20 anos do evento, a Prefeitura armou uma edição com mais cara de Virada do que as últimas: há palcos espalhados pela cidade, com curadoria às vezes caótica, mas também uma programação caminhante, de madrugada, no Centro.
Podia ser melhor? Podia. A começar pela comunicação apressada. Também vale ficar de olho na prestação de contas do orçamento de mais de R$ 50 milhões.
Hoje, quero focar na programação: vai rolar muita coisa. A Prefeitura até anda dizendo que essa é a maior Virada Cultural da história, mas tem que contar bem isso aí, pois outras edições já tiveram mais de mil apresentações.
Nem todas são de música, claro, e aqui destaquei apenas nos shows. Você pode ver a programação completa [em tese] no site da Virada que, pra variar, não funciona muito bem — melhor buscar quem fale sobre os outros tipos de atrações.
Vai ter ônibus de graça de madrugada e o metrô também estará funcionando.
A expectativa de público é de 4,7 milhões, mais do que os 4 milhões do ano passado — a título de curiosidade, o Uruguai inteiro tem 3,3 milhões de pessoas.
ESTÁ TUDO SUJEITO A ALTERAÇÕES, como a Prefeitura gosta de frisar.
Mas chega de detalhes.
Ou melhor, só mais um detalhe: como organizei os destaques.
Assim:
Primeiro vou falar da Virada no Centro, incluindo os palcos principais e outros, menores, que vão funcionar a madrugada inteira;
Depois, vamos ver quem toca nos outros Grandes Palcos, cidade afora;
Em seguida, damos uma geral na minguada programação do Sesc: a distribuição de ingressos é no sábado, online ao meio-dia e presencial às 17h;
A próxima é a ótima programação dos Centros Culturais;
Por fim, vamos ver quem toca nas Casas de Cultura e em outros palcos.
Também fiz uma agenda com todas as atrações e horários: você pode ver ela aqui, e incluí o link outras vezes ao longo do texto. É parecida com a lista publicada em todos os outros sites: está melhor formatada, porém, e só com shows.
Tomem água & se cuidem.
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🌆 Virada no Centro
Nos últimos anos, a Virada Cultural no Centro esteve limitada ao palco do Anhangabaú, um cercadinho que nada tinha a ver com a fluidez anterior do evento. Felizmente [acho eu], este ano a Virada volta a ser um circuito caminhável, com uma série de coisas rolando a madrugada toda entre a República e a Sé.
O Palco Anhangabaú segue lá: a abertura é com a Sinfônica Heliópolis, mais Simoninha & Luciana Mello; logo depois, já tem Belo. De madrugada, rola uma boa seleção internacional: o grupo senegalês de afro-jazz Orchestra Baobab, a banda argentina de cumbia La Delio Valdez, e a lenda jamaicana The Skatalites. Depois ainda tem Olodum, Marina Lima, Liniker e João Gomes, pra fechar.
Do outro lado do Centro, o Palco Arouche tem programação diversa, 100% feminina: começa pop com Wanessa, passa pela MPB nordestina de Juliana Linhares, pelo soul baiano de Melly, pelo tecnomelody de Viviane Batidão, pelo rap de Duquesa, pela eletrônica indígena de Kaê Guajajara. Termina com Juçara Marçal.
Entre o Anhangabáu e o Largo do Arouche, dá pra passar no Palco República, que tem foco em música tradicional dos Estados Unidos — jazz, blues e afins; mas rola um reggae de madrugada também — com artistas como a organista Rhoda Scott, o trombonista Fred Wesley e a cantora Crystal Thomas.
No domingo, o palco recebe dois tributos: BNegão, Thaide, Trio Mocotó e A Máfia relembram Skowa, responsável por renovar a black music paulistana dos anos 1980; e Roberto de Carvalho toca suas parcerias com Rita Lee, acompanhado de Johnny Hooker, Fernanda Abreu, Gabi Melim, Paulo Miklos e outros.
Falta o Palco Sé: é um rolê de música brasileira, com ênfase no norte e no nordeste — a exceção é um tributo à paulistana Inezita Barroso. O primeiro a tocar é Xangai, e o último, Elomar, ambos baianos e amigos de infância. De madrugada, tem manguebeat com Mestre Ambrósio e guitarrada com Manoel Cordeiro.
✅ Outros palcos no Centro
O Centro voltou a ter palcos menores, o que eu achei ótimo por si só, mas vale mais ainda porque a programação está interessantíssima.
Na Praça Dom José Gaspar, vai rolar uma maratona do projeto Piano na Praça, com alguns dos melhores pianistas do país. Wagner Tiso começa os trabalhos e Carlos Dafé encerra. Entre os dois, tocam Jonathan Ferr, Ifatóki Maíra Freitas, Zé Manoel, Andre Mehmari, Amilton Godoy, Cristovão Bastos e mais.
No Pátio do Colégio, rola choro, com nomes como Toninho Ferragutti Quinteto, Roberta Valente, Choro da Leste e Fios de Choro; já na Praça Ramos, tem jazz, com Vinicius Chagas Trio, Izzy Gordon Quarteto, Bocato Quinteto e outros.
Na esquina da Av. São João com a Av. Ipiranga, vai ter um palco de samba e pagode. Tem Berço do Samba de São Mateus e Fundo de Quintal de madrugada e Samba da Vela no encerramento, com Fabiana Coza e Igor Neva.
Meia-noite em pleno Largo do Arouche…, não, no Theatro Municipal, Eduardo Gudin revisita o disco “O importante é que a nossa emoção sobreviva” (1975), com Márcia — que participou da gravação original —, Léla Simões, Claudio Nucci, Elisa Gudin e Rappin Hood. A distribuição de ingressos é por ordem de chegada.
Ali pelo entorno, tem cultura popular — maracatu, congada, folia etc — no Largo do Paissandu, e música de câmara na Praça das Artes. E alguns cortejos vão passar pelo Centro — incluindo a Charanga do França, no domingo de manhã.
Outra coisa que rola entre um palco e outro: balada. A Pista República, por exemplo, abre com Mamba Negra, às 18h, e vira ¡Súbete! a partir da meia-noite; no Arouche, a madrugada é da Selvagem. Já na Pista Aurora, rola nascer do sol com Batekoo, às 6h; no mesmo horário, na Pista Largo do Café, quem bota o som é Carlos do Complexo.
Na Pista Antônio Prado, além de DJs, rolam shows, de madrugada e além — incluindo a Fin del Mundo, banda argentina de pós-rock patagônico. Na Pista XV de Novembro, no domingo, o soudsystem Ministereo Público recebe Russo Passapusso.
🏟️ Grandes Palcos
A Prefeitura mudou o nome das “arenas” dos últimos dois anos para “grandes palcos”, mas a lógica segue a mesma: shows de artistas consagrados espalhados pelos quatro cantos da cidade, mas sem programação durante a madrugada. Fora os palcos do Centro, que já vimos, há mais 16, a maioria nas regiões Leste e Sul.
Na Zona Oeste, só tem um: o já tradicional Palco Butantã. Jota.pê é o primeiro a tocar, e a noite tem sábado tem também Banda Uó e Duda Beat. No domingo, a pegada é mais roqueira: tem Névula, Fresno, Dead Fish e Sepultura.
Na Zona Norte, tem dois: o Palco Jardim São Paulo vai do samba de Mart'nália ao rock do Ira!, passando por Xênia França e Vanessa da Mata. No domingo de manhã, tem show da banda de rock infantil Pequeno Cidadão. Já o Palco Vila Albertina, tem Luísa Sonza no sábado, e rolê rap no domingo, com Tássia Reis e BK’.
A Zona Leste tem seis palcos, com programação bastante diversa, tirando o Palco Belenzinho (1), que concentra shows de música gospel. O Palco Cidade Tiradentes (2), por exemplo, tem MC Luanna e Negra Li, mas também César Menotti & Fabiano. No Palco Guaianases (3) rola Marcelo Jeneci, Maneva e Péricles, em sequência.
O Palco Itaquera (4), na Cohab 2, reúne alguns dos destaques do evento: Iza, fechando a noite de sábado, e Alceu Valença, encerrando a programação no domingo.
Bom sábado de música jamaicana no Palco São Miguel (5): tem Skatalites e Ponto de Equílibrio, mas Rael toca entre eles. No Palco Sapopemba (6), ótimos rappers: Yago Oproprio e Dexter, no sábado, Wiu e Djonga, no domingo.
E agora a Zona Sul, que tem o maior número de palcos: sete.
No Palco Campo Limpo (1), tem outro show da Luísa Sonza e boas opções de forró: Bicho de Pé e Falamansa. No Palco Grajaú (2), o sabadão é de rap, com shows seguidos de Btrem, Kyan e Don L. Quem fecha, no domingo, é o MC Don Juan.
O Palco Ipiranga (3) também encerra o domingo com show de funk, do MC Hariel, na sequência do forrozeiro Luan Estilizado. Antes, no sábado, tem trap: Kayblack convida o irmão, MC Caveirinha, para dividir o palco, e depois rola Xamã.
O Palco Jardim Myrna (4) vai do samba, com Diogo Nogueira, ao piseiro, com Vitor Fernandes, enquanto o Palco M’Boi Mirim (5) recebe o rei da sofrência, Pablo, e o rei da lambada, Beto Barbosa, no sábado. No domingo, tem o rapper Veigh.
Outros shows de rap no Palco Parelheiros (6): Teto, no sábado, e Cynthia Luz, no domingo. Já no Palco Sete Campos (7), tem Edi Rock — mas quem fecha a noite de sábado é o pagodeiro Xande de Pilares. No domingo de manhã, tem show da banda de rock infantil Fera Neném, e a tarde termina com Barões da Pisadinha.
🎫 Sesc
É preciso retirar ingresso para quase todos os shows, mas há algumas exceções, principalmente: Luedji Luna cantando Sade, sábado, e Paulo Miklos, domingo, no Sesc Itaquera, e FBC, sábado de noite, no Sesc Bom Retiro.
A batalha por ingressos começa no sábado, ao meio-dia, no site e no aplicativo Credencial SescSP, e às 16h, nas bilheterias das unidades. O limite é de dois ingressos por pessoa, para até três apresentações. [Boa sorte para todos!]
Claro, a programação do Sesc inclui uma série de outras atividades, como espetáculos de teatro, exibição de filmes, vivências e oficinas. Veja a lista completa aqui.
Algumas unidades tem apenas uma apresentação que se repete nos dois dias da Virada. Por exemplo: no Sesc 14 Bis, Leci Brandão; no Sesc Pinheiros, Otto; no Sesc Vila Mariana, Tasha & Tracie; no Sesc 24 de Maio, Benito Di Paula e Rodrigo Vellozo — que também tocam por lá na sexta, com ingressos esgotados.
Sesc Belenzinho e Sesc Pompeia tem noites mais agitadas.
No Belenzinho, a Black Pantera arma um baita show de punk preto na Comedoria, com participações de Clemente (Inocentes), Cannibal (Devotos) e Natália Matos (Punho de Mahin). No Teatro, o grupo de rock psicodélico Boogarins faz trilha sonora ao vivo para o filme “Bacurau” — também tem no domingo.
Quem for em qualquer uma dessas apresentações, pode curtir antes a banda de cumbia punk Bazuros tocando na Praça Central da unidade.
Já no Pompeia, rola uma jornada dupla na Comedoria: Tribo de Jah toca primeiro, e depois é a vez do Pato Fu, que também toca no domingo. No teatro, tem Renato Teixeira e Yassir Chediak nos dois dias do fim de semana.
O Sesc Interlagos tem programação de reggae: no sábado, com Planta e Raiz, e no domingo, Filosofia Reggae. Outros shows: Fat Family no Sesc Carmo, Ná Ozzeti no Sesc Consolação e Elétro Samba Groove no Sesc Santo Amaro, todos no sábado.
🏛 Centros Culturais
A programação dos centros culturais da Prefeitura está boa. No CCSP tem até shows de madrugada: Karnak e Chico Chico. Antes, quem abre a festa é o Tom Zé, seguido de Mari Jasca. No domingo, tem ainda a banda Made in Brazil e Jards Macalé, pra fechar com broche de oro. Todos os shows são na Sala Adoniran Barbosa, e a distribuição de ingressos é 2h antes de cada um, na bilheteria.
Ayô Tupinambá arma uma roda de samba para abrir os trabalhos no Centro Cultural da Diversidade, e depois tem Getúlio Abelha. Procurando after? O DJ Mau Mau toca às 10h, no domingo. A programação continua com Fernanda Coelho e Fitti.
No Centro Cultural da Juventude, rola um sabadão de música preta brasileira, com Farofa Carioca, Tony Tornado & Funkessência e Claudio Zoli. No domingo, tem ainda Afrodizia tocando reggae e Peixelétrico, forró. Do outro lado da cidade, no Centro Cultural Santo Amaro, o sábado é de rock, com Malvada e Supla.
No Tendal da Lapa, no sábado, tem shows de Mombojó, Helena Serena e Mariana Aydar. Não tem música ao vivo de madrugada, mas vai ter baile a noite inteira, por conta da festa Forró dos Ratos. O domingo tem momento rock, com Menores Atos, Reexista e Gabriel Thomaz, e termina com Lenine.
Também tem forró no Centro Cultural Vila Formosa: Anastácia toca no sábado, seguida das Orquídeas do Brasil, grupo de mulheres que tocava com Itamar Assumpção. No domingo, tem Guinga & Livia Nestrovski.
O sábado começa pop na Vila Itororó, com Ana Rafaela. Depois, tem Paulinho Moska. No domingo, tem João Suplicy e, pra fechar, o rapper Rincon Sapiência. Já no Centro de Culturas Negras, a programação vai do reggae da banda Adão Negro ao pagode de Thiago Martins. Na noite de sábado, rola o show “Pérolas Negras”, com as incríveis Alaíde Costa, Eliana Pittman e Virginia Rosa.
Por último, no Teatro Flávio Império, vão tocar, no domingo, alguns dos artistas gringos de jazz que estarão no Palco República: Rhoda Scott e Jim Seeley.
🏠 Casas de Cultura
As Casas de Cultura Municipais também estão com agendas legais, mas é bom lembrar que algumas são bem pequenas — a possibilidade de lotação é real.
Belo sábado de punk (preto) na Casa de Cultura Butantã, com Devotos, Punho de Mahin e Inocentes. No sábado, a pegada é jamaicana, com o grupo feminino de ska Maga Rude, a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana, o jamaicano Yellowman, pioneiro do dancehall, e a banda paulista de reggae Mato Seco.
A Casa de Cultura Casarão, na Vila Guilherme, também tem um domingo regueiro, com Indaíz, Alma Livre e Junior Dread. Já a Casa de Cultural Chico Science, no Ipiranga, recebe as bandas Ciência de Chico e Mundo Livre S/A [tum-pá], no sábado. No domingo, é rap forte, com Potencial 3 e Rappin Hood.
Pela Casa de Cultura Freguesia do Ó, passam dois compositores da música realmente popular brasileira: Michael Sullivan, autor de “Me dê motivo”, “Whisky a go go” e “Deslizes”, toca na noite de sábado; quem fecha o palco, domingo, é Moacyr Franco, que escreveu “Seu amor ainda é tudo” e “Ainda ontem chorei de saudade”.
O tema do sábado na Casa de Cultura Guaianases é mulheres no pagode: tocam Eliana de Lima e Adryana Ribeiro. No domingo, tem Billy SP.
O rolê na Casa de Cultura Hip Hop Leste vocês sabem qual é: no sábado, tem De Menos Crime, Sandiego e Sidoka. No domingo, continua com Poder Bélico da Favela, Febre90's e Brocasito. Também rola funk com a MC Vovó Benta, que é aposentada da GCM e ex-competidora de atletismo.
Já na Casa de Cultura M’Boi Mirim o rolê de domingo vai do hardcore ao rap rock, com Gritando HC, Laboratori e Pavilhão 9. Também tem Cavalo Vapor.
Também tem domingo de som pesado na Casa de Cultura São Miguel, com Garotos Podres e Decore. Antes, no sábado, o tema é forró, com Trio da Lua, Azulinho e o Trio Juazeiro, desde 1962 na cena de forró pé-de-serra de São Paulo.
Quer curtir um funk? É só colar na Casa de Cultura São Rafael, no sábado: vai ter MC Kety, a crew DDR, das MCs Lizz, Baaby Cris, Kisha e Junerisx, e MC Kitinho. No domingo, tem show do cantor de reggae Jhayam e do rapper Febem.
🚇 Outros Palcos
Espaço reservado para os logradouros quiçá exóticos. Mas só encontrei um: Mel Lisboa vai fazer seu concorrido show cantando Rita Lee na Biblioteca do Parque Villa-Lobos, domingo, 13h. Entrada por ordem de chegada.
SÓ VOU COM A FIN DEL MUNDO!!!
Parabéns pela curadoria. Esse ano deu trabalho! As nossas dicas estão no ar tb!